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quinta-feira, 26 de março de 2009

Capítulo 2 – E a brincadeira começa!

Trechos extraído do Cap. 2 de 'Ryan Le´Beau" -
em Breve nas Bancas!
Ilustrações: Jairo TX - Autor: JRBlasina


... Ele fica sozinho no estúdio - o mesmo estúdio aonde ontem estivera tão bem acompanhado... Olha em volta, aproveita o tempo pra analisar melhor o local: num canto mais escuro e discreto, a cama redonda sem cabeceira que ele já havia notado na visita anterior; araras de luz aos montes pendendo do teto. Ele nota que a peça tem outra porta - pra onde isso deve dar? - ele se pergunta quando a tal porta se abre e dela surge aquela ... criatura:

Ela veste uma micro saia pregueada, meias brancas, dobradas na altura dos joelhos, sapatos de boneca, porém com um salto plataforma que a deixa maior que ele, camisa branca amarradinha na frente, cabelo loiro preso em duas ‘marias-chiquinhas‘.

A roupa é de uma menina colegial – o corpo não - e aquela voluptuosidade toda lhe parece tão familiar... mas não - não pode ser - pensa ele incrédulo, enquanto ela se aproxima:

__Oiii! Diz ela saltitante em sua direção
Ele não reage – ela se apóia em seu ombro com ambas as mãos e levanta um dos pés para trás enquanto lhe rouba um beijo estalado na bochecha. Ele permanece imóvel, paralisado.
Ela cora um pouco e se afasta, brincando coma barra da saia – a boca bem vermelha de batom, entreaberta, expõe a língua que rola chiclete pra cá, chiclete pra lá.

__ O que tem nessa mochila?
__ Ah... um monte e coisas... nada demais...
__ Um monte de nada? hahaha
Ela ri encolhendo os ombros e se aproxima novamente, num pulinho.
Ele se assusta com a rápida aproximação e se afasta, por reflexo – ela para, olha pra ele com a cabeça baixa, faz um beicinho, pisca os olhos.... triste.
Ele ri e dá um passo de volta ao seu encontro.
Ela bate palmas e dá uns pulinhos de felicidade, depois chega mais perto – o que lhe deixa... nervoso – passa a mão no cabelo dele

__ Tá molhado! De onde tu veio?
__ Eu? Tava na casa de uma amiga... tinha piscina lá! Saí com pressa, acho que nem me sequei direito...
__Amiga ou namorada?
Ela desvia os olhos, enrola o cabelo e se balança – parece mesmo tímida.
__Amiga, amiga! Eu não tenho namorada... e tu?
Ela lança um olhar surpreso
__Eu não! Ainda sou muito nova... mas, tu pode ser meu amigo...
Ele engole a saliva que parece surgir em excesso, respira fundo, avaliando aonde isto vai parar...
__ Teu amigo? - melhor eu entrar no jogo - Não sei não... Eu nem sei o teu nome...
Ela põe as mãos na cintura e responde, balançando as marias-chiquinhas:
__Lilly, oras...

Ryan arregala os olhos, estranho, muito estranho isso...
Claro que desde o início notou algo familiar, mas só agora que ela falou fez sentido!
Ela parece muito e ao mesmo tempo não se parece em anda com a Lilly do dia anterior. Como ainda não tinha percebido? Ah, sei lá!

__Me mostra como é que tu nadas?
Aqueles olhinhos ontem tão diabólicos, agora tão angelicais...
__Hm... como assim?
Será que ela quer que eu me deite no chão e dê uma dê maluco?
__Como é que tu nadas? Ela sussurra. olhando para os lados, como se fosse um segredo.

Ele realmente não faz menor a ideia do que ela tá falando, mas não quer ser desmancha prazeres, então, larga a mochila no chão e começa a bater os braços no ar, numa espécie de ‘nado imaginário’

Ela põe a mão na boca e começa a rir... ri que não para mais. Segura a barriga, se encolhe no chão. Ele para de ‘nadar’ e cruza os braços, totalmente sem graça – e sem entender onde ela queria chegar com aquilo... Quando ela consegue voltar a falar - ainda rindo – se aproxima, põe a mão no ouvido dele e sussurra:

__Como tu te vestes pra nadar!
__Ah... Por que tu não disse antes - droga, que idiota eu sou! - depende... ás vezes eu uso calção, em outras não....
__E hoje? ela o olha, tímida novamente, girando a sainha e expondo a calcinha rendada.
__Hoje... eu até tava de calção... mas... deixei lá! Que pena...
É...e essa bermuda molhada na minha mochila foi da última chuva!
__É... que pena mesmo... diz ela brincando nas pontas dos pés, decepcionada...
__Se tu quiser, eu posso te mostrar como eu nado quando eu tô sozinho!
Essa nem eu engulo!
__Pode? Mesmo? Ela arregala os olhos e abre a boca, ansiosa.
E não é que colou? Ahã... sinal que ela tá afim... MUITO afim - Pra engolir uma besteira dessas, só pode!
Mal ameaça tirar a camisa e ela o interrompe:
__Espera! Se tu queres brincar comigo tem que ser do meu jeito!
__Tá bom... Se é assim, chérie, eu... brinco do teu jeito.
Que sacrifício o meu, não?

...
.....continua na HQ
...

E ele canta, enquanto acaricia o ‘cabelo’ dela – que por mais incrível que seja, parece mesmo real!


...
.....continua na HQ
...
Mais tarde, na mesma noite - em conversa com Vanessa


__Sabe, a Lilly parece ter gostado mesmo de ti... e isso, vindo dela, é muito raro de acontecer! E o trabalho... Não costuma ser assim! Não era pra ter chegado a esse ponto...

Ah não? pensa ele, mas segura a bobagem - Só balança a cabeça e mastiga o pedaço de pizza. Ela continua:

__ Eu não esperava que fosse assim, mas... Tu foi ótimo! Vocês foram ótimos! Desde o primeiro momento eu soube, eu vi que tu serias especial... Hoje foi... lindo!
Ela sorri animada, quase emocionada, e completa:
__Nós três juntos, ainda faremos coisas maravilhosas!

Ele sorri, feliz e satisfeito enquanto morde seu último pedaço de pizza e pensa:
É, assim espero

Capítulo 1 - Mergulhando de cabeça

Atenção - Isso é só um trecho extraído da HQ 'Ryan le'Beau'.
Só pra dar um gostinho...
A "refeição inteira" ainda está no forno e vai demorar um pouco a ser servida, mas é certo: Virá em breve, Nas Bancas!
Ilustrações: Jairo TX - Autor: JRBlasina


Já é quase de manhã – Ryan está no seu quarto – quer dizer, no quarto que há algum tempo alguém lhe cedeu... Embora nada naquela casa possa ser realmente chamado ‘seu’, é o mais próximo de um lar que ele já teve na vida.
E aquelas pessoas, o mais próximo de uma família...
Ter amigos de verdade já é um ganho e tanto!
Em pensar que uma simples carona numa noite qualquer, no meio do nada, indo pra qualquer lugar, tenha mudado totalmente sua sorte...
E isso tudo graças a ele: J’J...


É noite - Ryan sentado na beira da estrada – roupa surrada, mochila nas costas, violão na mão – um ‘estranho’ ônibus se aproxima – grafitado – pára, a porta abre – J’J aparece diante dele – sorri – estica a mão – eles nunca se viram, mas a sensação é outra – confiança, amizade – coisas que a vida nunca lhe ofereceu – ele aceita – a mão, a carona e o amigo - o ônibus segue seu rumo... Vegas!


Talvez por isso – e só por isso – Ryan se sinta tão mal agora...
Isso, mais o fato de ter acabado de perder uma ‘chance de ouro’ – duas gatas... Sendo que uma era ‘só’ a mulher mais linda que qualquer um já viu na vida!

Ele se vira na cama – pra cá, pra lá – tapa a cabeça com o travesseiro tentando sufocar a raiva – se senta

__Aquele filho de uma... Ahhhhh! Que Raiva! – joga o travesseiro longe, esfrega a cabeça com força, levanta.

Caminha pra cá, pra lá, vai até a janela – abre... senta no parapeito.
São 04h15min da manhã e ele não precisa de um relógio pra saber.
Está sentado - de cueca e meias - na janela do segundo andar.
Olha pra cima (mais um andar) ‘pra que uma casa tão grande?’
Olha pra baixo... No pátio não há muito pra ver, exceto o jardim e um ônibus de viagem ali estacionado por não caber na garagem – o mesmo ônibus que há 2 meses atrás o ‘catou’ na estrada e o fez parar ali, naquela casa, naquele quarto, naquela janela... um lugar seguro e quase seu, onde pode sentar sozinho, mesmo às 04h30min da manhã...
Isso o faz pensar em coisas que ele não quer admitir agora...
E no fato de que ‘talvez’, só talvez, o J’J possa ter alguma razão...

Ele fecha a janela e começa a procurar pela única coisa que pode ajudá-lo agora.
__ Aonde é que foi parar??? ... ah...eu sei que tava por aqui...
A bagunça vai piorando... roupas, cds e gibis espalhados pelo chão.
Ele fica mais nervoso à medida que procura - precisa desesperadamente daquilo!
E sente um profundo alívio quando enfim consegue encontrar - em baixo da cama...

Ele sorri e ‘usa’ ali mesmo...

Deitado no chão – pernas pra cima da cama – mãos nervosas manipulando os objetos...
À medida que seu corpo recebe o que precisa tudo começa a ficar bem...
uma sensação que ele conhece muito bem, afinal, sempre encontrou ali o seu conforto... seu refúgio... sua paz...
(desenho de Ryan deitado no chão – em meio à bagunça – fones nos ouvidos)

A música... sua fiel companheira...
O som invade seus ouvidos e toma conta de tudo... seu corpo, seu quarto, o universo inteiro... E pouco a pouco os pensamentos começam a se organizar... as idéias tomam forma e tudo fica claro... como sempre acontece...
Os sentimentos ganham força... Os pensamentos ganham forma...